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O Cacau Medicinal

Cheio de belezas, sabores e riquezas, o cacau trás em seus mistérios e encantos uma abundância de nutrientes, minerais e substâncias que favorecem a saúde de ninguém menos, do que nosso grande amigo e muitas vezes, renegado, coração.

Há registros da consagração da “água amarga” desde civilizações antigas, como os Olmecas, Maias e Astecas. Se nota que esses povos davam grande importância para o cacau, como um alimento sagrado, sendo utilizado tanto para nutrição, como em celebrações e ritualísticas espirituais. A palavra cacau é derivada do olmeca e das línguas maias – kakawa. Era considerado um alimento sagrado, fazendo parte dos mitos destes povos. Utilizado principalmente na forma de uma bebida espumosa, era considerado o néctar dos Deuses, trazendo vigor, energia e poder. Seu nome científico é Theobroma Cacao, que significa o Manjar dos Deuses. O cacau era tão valioso para esses povos que também foi utilizado como moeda.


Com o passar do tempo, esta relação profunda com o fruto do cacau, passou a sofrer o que se pode dizer um tipo de abuso, sendo consumido muito mais como amortecedor sensorial do que como ponte de nutrição e conexão, como podemos ver na quantidade de substâncias que são adicionadas nos chocolates que encontramos hoje nos supermercados e na forma de consumo que a grande maioria das pessoas cultiva nessa direção (isso já está se transformando!). Mas a ‘queda do paraíso’ não é uma exclusividade do cacau, já vimos esse tipo de “profanação” em muitas plantas medicinais, consideradas sagradas por milênios na antiguidade (e que seguem sendo em muitas culturas), subjugadas à meros intoxicantes... alguns exemplos são o tabaco, a cannabis, a erva mate, e até outras plantas que antigamente eram raras, e hoje são comercializadas em formato de óleos ou chás, de uma forma leviana. A era industrial, ao mesmo tempo que facilitou o acesso a uma diversidade de produtos, tirou de muitos a sua essência mais pura, e com isso, a nossa possiblidade de nos relacionar de uma maneira mais profunda e íntegra com eles.



Uma vez eu escutei de um amigo e professor, que a sabedoria se protege por ela mesma. E hoje, percebo que isso faz um grande sentido. Na verdade, a sabedoria tem uma proteção natural, que é a própria sabedoria. É necessário que caminhemos até a sua direção para sintonizar na mesma “frequência” que ela se encontra, caso queiramos conhecê-la de verdade. Não é possível desenvolver ou reconhecer a sabedoria, se não nos abrirmos verdadeiramente para ela. E essa abertura as vezes exige alguns esforços de nossa parte. Esforços esses, que seres humanos de várias gerações se colocaram disponíveis pra realizar e que permitiram que profundos conhecimentos à respeito da natureza e da existência se mantivessem vivos até hoje. Abençoados sejam todos eles, todos vocês, aonde estiverem.



No caso do cacau, uma maneira de manter a sacralidade da sua existência protegida, foram os rituais e cerimônias, as quais foram mantidas pelo que hoje conhecemos como “guardiões” e “guardiãs”. Isso é, alguém que se abriu para conectar com a sabedoria contida nesse alimento, e desde então, guardou em sua memória a conexão com sua essência, ao invés da forma. Essa biblioteca viva é o que faz hoje, termos a possibilidade de vivenciar e receber os benefícios contidos no cacau puro, do nível físico ao sutil. E com isso, reconhecer a medicina contida em sua essência.


Em uma das lendas sobre a sua história, é dito que quando os homens e mulheres não mais pudessem dançar, cantar e/ou abrir o coração, por estarem demasiados envolvidos com o trabalho e os negócios, a medicina do amor se levantaria sobre a Terra com o fruto do cacau, para relembrar a essência de abundância do planeta e de todos os seres que nele vivem.

Uma coisa é certa... o cacau medicinal, tem expandido a percepção de muitas pessoas, e facilitado o autoconhecimento de uma forma muito sutil, profunda e com leveza.


Seja sozinha(o) em sua casa, em um atendimento individual ou com um grupo numa cerimônia ou vivência, essa é uma experiência que vale a pena se permitir.


Para preparar sozinha(o), comece com dosagens mais baixas, utilizando cacau em barra 100% , preferencialmente orgânico ou produção agroecológica (5g já está ok... e vai aumentando gradualmente, pra pode ir sentindo mais profundamente a atuação do cacau), dilua em uma quantidade de água (100 a 200ml se quer deixar mais ou menos concentrado). Para durante alguns minutos pra sentir os aromas, a textura... faça respirações mais profundas e conecte-se com você mesma(o)... abra a escuta e o olhar para dentro. Se isso faz sentido pra você, pode colocar uma intenção antes de tomar. E enquanto bebe o cacau, procure continua se conectando com a respiração e as sensações do seu corpo, sentindo as notas que se abrem pro paladar e como a bebida se movimenta internamente. Depois que terminar, continue durante alguns minutos essa conexão... você pode querer escrever, dançar, tocar algum instrumento... ou simplesmente continuar sentindo o corpo e respirando.


Seja como for, permita-se desfrutar dos benefícios que o cacau proporciona e se nutrir deste momento como uma pausa para se (re)conhecer e se cuidar.




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