Atenção plena e relaxamento
- Gabriela Santos
- 3 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Existe uma profunda e direta relação entre a capacidade de estar em plena atenção e o nível de relaxamento que nos encontramos em cada momento.
Ao contrário do que pode parecer, exercitar a mente para permanecer no momento presente, no aqui e agora, nos coloca em um estado de alerta, mas não de tensão. Essa prática exige sim um esforço, mas não é qualquer tipo de esforço, é um esforço corretamente direcionado e sutil, o que não desperdiça nem dispersa a energia, e sim regenera-a e focaliza para aquilo que está acontecendo neste momento, dentro da moldura do corpo, e também nos possibilitando reconhecer com mais clareza o que realmente compõe o cenário do nosso entorno.
Isso só é possível, estando consciente. Estar consciente pode ser entendido como um sinônimo de estar plenamente atento. Ao entrarmos neste estado ~ que é nosso estado natural e íntegro ~ saímos enfim do vórtice de pensamos e crenças inconscientes, a reatividade.
As reações são uma forma de agir automática, que se origina de um mecanismo de associação neuronal que é ativado de acordo com as sensações que já estão impressas como registros no corpo, com referência em antigas experiências e/ou (pre)conceitos socioculturais.
O que isso quer dizer? Que quando atuamos sem consciência ou atenção, estamos naturalmente saindo do “centro de direção” do nosso universo corpo-mente e deixando o controle nas mãos desses registros, o que naturalmente, nos coloca em um estado de tensão, pois se tratando de uma experiência passada, já existe
no sistema nervoso central (que analisa as sensações) uma discriminação, positiva ou negativa, a respeito daquela experiência.
Se a interpretação é positiva, tendemos a gerar algum apego, uma necessidade de mais daquilo, ou de menos de qualquer outra coisa que não é aquilo. Se a interpretação é negativa, tendemos a gerar alguma aversão àquilo, ou uma necessidade de conseguir algo diferente daquilo.
Ou seja, em ambas as interpretações, nosso sistema interpreta algo como: “isso não está bom, precisamos agir”, e então, todo o sistema simpático (aquele da luta ou fuga) se ativa, libera uma descarga de hormônios, possivelmente estimulantes, contrai músculos na tentativa de nos manter prontos pra guerra que há de vir. O que, resumidamente, gera novas sensações, novas interpretações e um ciclo vicioso de reações, nos mantendo num estado de tensão contínua, o stress.

A boa velha-nova é que quando percebemos esse mecanismo conscientemente se ativando, e trazemos a atenção para o momento presente, através da consciência da respiração e do corpo, interrompemos o ciclo temporariamente e começando a inverter o mecanismo, mandando um sinal para o sistema de nervoso de “está tudo certo com a gente, pode ficar sussa” (rs), e a galera toda volta a trabalhar para as coisas que realmente importam neste momento, tipo fazer o sangue circular pelo corpo todo, digerir os alimentos, separar toxinas de nutrientes, essas coisas básicas que eles fazem todos os dias e que fazem parte do que chamamos de vitalidade, sistema imunológico, etc etc…
Ou seja, só é possível vivermos verdadeiramente saudáveis quando encontramos um estado de relaxamento mais profundo, através da atenção plena, a Presença, o Ser Consciente.
Uma dica que quero reforçar hoje, é estar mais consciente da própria respiração. Naqueles momentos que a comporta de pensamentos desenfreados se abrir, e vez ou outro com mais ou menos frequência, isso acontece em todis, esteja consciente “ok, tem uma reação acontecendo, vou respirar e prestar atenção na minha respiração neste momento”… faça isso sempre que lembrar, é como um chamado para assumir a direção do veículo novamente e avisar a galera que trabalha na sua casa, que não tem incêndio nenhum acontecendo.
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